quinta-feira, 31 de março de 2011

Fernanda Aguiar em exposição retrospectiva de pintura no Clube Thyrsense


A artista fafense Fernanda Aguiar apresenta uma retrospectiva da sua belíssima pintura no Club Thyrsense, em Santo Tirso, entre os dias 2 e 16 de Abril. A inauguração ocorre na tarde de sábado (17h00).
Para o breve catálogo da exposição, tive a honra de assinar um sentido texto, que transcrevo:

FERNANDA AGUIAR: UM PERCURSO DE ENCANTO

A artista fafense Fernanda Aguiar é um caso singular de alguém que, embora desde a infância acalentasse a vocação pictórica, apenas começou a exercitar o seu enorme talento já após a merecida aposentação, quando as obrigações profissionais e as imposições familiares lhe deixaram disponibilidade e tempo livre para se dedicar, enfim, ao que longa e compreensivelmente adiara: as artes visuais, e em especial a pintura.
Quando, nessa situação, poderia ter optado, como muitos, por passar o tempo à mesa do café ou em passeios pelos jardins, a artista investiu na sua formação, frequentando ateliers e oficinas de mestres credenciados, no sentido de ir ao encontro, mais competentemente, da sua vocação inicial, que era a de exteriorizar toda a sensibilidade e força interior que a religa à arte, à Natureza, às pessoas, às coisas belas e simples da vida.
Começou, então, primeiramente mais titubeante, depois com a maior firmeza, a pintar, a experimentar, a reproduzir modelos e figuras. Mas, logo de seguida, a criar o seu próprio estilo, a sua marca, a sua singularidade, libertando-se das amarras que lhe haviam sido ensinadas. Seguiu o seu próprio caminho, e fez muito bem!
Como seu antigo e orgulhoso aluno, tenho acompanhado o percurso artístico de Fernanda Aguiar desde o início. Estou, assim, em condições de reiterar, como já escrevi com todo o gosto e com a maior justiça em outras ocasiões, que a artista é uma das pintoras que conheço que mais evoluiu nos pontos de vista técnico e artístico, impondo-se pela inovação e criatividade, assumindo hoje uma segurança pictórica e uma linguagem que a diferenciam e particularizam.
Uma retrospectiva da sua obra é o momento para relembrar o seu percurso de encanto, que espraia por diferentes temáticas, que vão do retrato ao que a artista gosta de chamar a “alma e a respiração da Natureza”, passando por todo o género de figuração, pela pluralidade de imagens e modelos e, não posso deixar de relevá-lo, por deslumbrantes exemplares de arte sacra, do melhor que já vi em mais de meio século de vida e que integram uma belíssima exposição própria.
Fernanda Aguiar é uma artista de corpo inteiro. E, sobretudo, com um coração do tamanho do universo!

Artur Coimbra
 

Artista fafense Dulce Barata Feyo expõe na Cooperativa Árvore, no Porto

A artista Maria Dulce Barata Feyo expõe as suas últimas criações pictóricas, sob o título “Silêncios”, na Cooperativa Árvore, Sala 1.
A abertura da exposição ocorre este sábado, 2 de Abril, pelas 15h30, mantendo-se patente até 27 de Abril, no horário 09h30 às 20h00 (segunda a sexta-feira) e das 15h00 às 19h00 (sábados).
Maria Dulce Barata Feyo nasceu em Quinchães, Fafe, em 1940 e reside em Gondomar.
Licenciou-se em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, em 1983. Foi discípula de Dórdio Gomes, Júlio Resende e Luís Demée, entre outros mestres consagrados das artes plásticas.
Seguiu a carreira docente, sem deixar de se dedicar à pintura.
Expõe desde 1983, individual e colectivamente.
Citada em:
Dicionário dos Pintores e Escultores Portugueses, de

Fernando de Pamplona
Dicionário dos Fafenses, de Artur Ferreira Coimbra.



 

Acerca da obra de Maria Dulce B. Feyo dizem-nos Laura Castro e Miguel Veiga:

Paisagens porquê e para quê?
"(....)De que nos serve olhar para estes substitutos da natureza, para este mundo pintado, se ele não existe fora da tela? De que nos serve este simulacro? Para que serve este artifício?
Podemos responder com o título da exposição: para o silêncio.
Todos nos deixamos guiar pela ideia de uma natureza silenciosa, de um mundo aplacado e imperturbável em que nos embrenhamos quando queremos escapar ao quotidiano frenético, à vivência urbana, à rotina desgastante. Gostamos do ritmo lento apenas pressentido, do ritmo cíclico que nos conforta, da tranquilidade – mesmo sabendo que é aparente – da pausa e da suspensão que a natureza proporciona e, na sua ausência, a paisagem. Nestas telas, os elementos vegetais parecem ter pousado tranquilamente no espaço que a pintora lhes destinou.
Nos anos 40 e 50 havia um termo muito usado pela crítica da época relativamente às tonalidades densas de terras e ocres, de negros e castanhos a que os artistas recorriam. Era um termo de ressonância sinestésica que qualificava as cores de surdas. Não posso deixar de evocar aqui esta curiosidade porque ao olhar para as cores dominantes do trabalho de Dulce Barata Feyo apetece lembrar essa cor contida e surda que se adequa plenamente à metáfora do silêncio que a sua pintura propõe (...)"

Laura Castro

Paisagem por que não?
"Atrevo-me a responder, por mm, porque sim. Dulce Barata Feyo, ao reflectir a realidade como um espelho numa imagem inicial e aparentemente inocente, não deixa criar um segunda realidade – outra, esta submetida ao seu juízo, ao seu sentido de composição e elaboração crítica. Na sua pintura a imagem não é conservada mas transformada. Os espelhos não se limitam a reproduzir a natureza, neles as imagens transformam-se , ganham virtualidade e cumplicidades.
A pintura com que nestas telas se nos expõe, revela e confessa Dulce B. F. não espelha nem retrata a vida, o real, pois não é com eles que a pintora preenche os espaços aparentemente livres da tela branca com que ela se confronta, corpo a corpo, ambas de nudez despidas. Ela sabe que tudo está na tela antes de começar e que todo o trabalho consiste em destapá-la, deixá-la vir ao de cima. Ela sabe que pintar é estar à porta do desconhecido, é perder o pé.
A pintura deste, desse e daquele quadro é um dos obscuros objectos do seu desejo: às escuras, mas há uma noite que esclarece a noite, que é também um dos obscuros motivos dos seus sonhos. A língua com que sonha Dulce B.F. é a sua pintura, com que pretende dizer o indizível que se cola à sua pele. Confiada nos sonhos porque neles se oculta a porta daquela eternidade, num tempo em cada estação abraça todas as outras.
A pintura da Dulce B. F. atrai-me, seduz-me e captura-me num contágio afectivo, num derrame emotivo naquela sensualidade do entendimento e da sua razão gulosa.
Pede-me o desejo que a veja. Nessa fonte que explode de legibilidade porque exactamente o não diz.
Como nesta sua poesia que se vê."
Miguel Veiga 

Américo Lopes de Oliveira: 100 anos de memórias deste "escravo das letras"

Em 31 de Março de 1911, há exactamente cem anos, nascia em Lisboa uma criança a que dariam o nome de Américo Lopes de Oliveira, que depois cresceria e se tornaria jornalista e escritor, autor de uma vasta obra publicada sobre assuntos regionais e locais. Desde o início dos anos 80, veio para a cidade de Fafe e aqui publicou diversas obras de investigação, que ainda hoje constituem referência para os respectivos estudos. Por aqui se manteve durante mais de duas décadas. Faleceu em 17 de Maio de 2003, com mais de 90 anos, nesta cidade, em cujo cemitério se encontra sepultado.
Era um homem humilde, sincero, um escravo das letras e da cultura, que exercitou até ao fim dos seus dias. Fafe muito lhe fica a dever, por toda a sua actividade exclusivamente, intensamente, voltada para a defesa das coisas desta terra e das letras.
Era um homem ingénuo, por isso foi explorado, como se sabe, vergonhosamente, por gente sem escrúpulos.
Fui seu amigo sincero e fiquei com uma entrevista exclusiva que guardo religiosamente no meu arquivo. Foi um anjo que passou na vida de alguns fafenses, entre os quais me incluo, e por isso me curvo respeitosamente ante a sua feliz memória, que hoje quero recordar.

Lopes de Oliveira fez os estudos secundários em Lisboa, na Escola Nacional e no Liceu Gil Vicente, depois frequentou a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em Físico-químicas, o Instituto Industrial, cadeira de Estudos Camonianos, na Faculdade de Letras, bolseiro do Governo Espanhol, do Curso de Jornalismo, na Universidade Internacional Menendez Pelayo de Santander (1957-1959). Frequentou ainda a Escola Elementar dos CTT (1929-1932). Após efectuar estágios nas estações dos CTT do Barreiro e Santarém, foi admitido no 5º sector postal de Lisboa (1932), tendo desempenhado diversos serviços noutras áreas, quer em Lisboa quer em Braga, tendo sido aposentado, na categoria de 2º oficial, em 21-01-1959. Anteriormente fora funcionário na Caixa Geral de Depósitos, numa repartição da sua sede em Lisboa. Paralelamente a esta actividade, colaborou em jornais e revistas, desde os bancos escolares, tendo feito parte de diversas redacções, entre elas os diários Novidades, Diário do Norte, Diário de Lourenço Marques (como chefe de redacção). Foi correspondente dos diários bracarenses Diário do Minho e Correio do Minho, de O Primeiro de Janeiro, Diário Popular e Flama, redactor da Revista Latina, de Roma, da Agência Diga-me, Lógos e Ya de Espanha Fundou e dirigiu o Jornal de Fafe e o Cumeeira e manteve durante alguns anos a revista Panóplia.
No suplemento de Letras e Artes, do Novidades, criou uma rubrica denominada “Nas Colmeias das Artes”, focando artistas nacionais e estrangeiros, e, igualmente, criou um suplemento exclusivamente dedicado às Artes no Diário do Minho e ainda duas páginas, sob o título “Belas-Artes”, no Diário de Lourenço Marques, que se repetia no Século de Joanesburgo, da África do Sul. Igualmente tem colaborado em muitos jornais e revistas, quer nacionais quer estrangeiras, e na imprensa regional.




A convite dos governos, ou ainda como enviado especial, nas redacções a que pertenceu, deslocou-se por diversas vezes ao estrangeiro, percorrendo quase toda a Europa, África, América do Sul, neles proferindo, muitas vezes, conferências, ilustradas com música e cinema, sobre motivos do nosso país.
Pioneiras foram ideias suas propondo a criação, nas Faculdades de Letras, de cadeiras de História Medieval (1957) ou a realização do 1º Congresso dos Jornalistas (1967), que apenas se realizou, no pós-25 de Abril de 1974. Igualmente colaborou com rádios nacionais (Rádio Renascença e Emissora Nacional) e locais (Rádio Montelongo e Rádio Clube de Fafe).
Fez parte, não só como colaborador, mas como redactor, da volumosa obra Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, ao lado de António Sérgio e Manuel Mendes, entre outros vultos literários, e ainda da Enciclopédia Lello Universal do Porto. Colaborou ainda na Enciclopédia Ultramarina e no Dicionário da História da Igreja em Portugal. Está registado no Reportorio de Medievalismo Hispânico, do Departamento de Estudos Medievais de Barcelona (Julho de 1973).
Em 1980, veio viver para Fafe, a convite do então Presidente da Câmara Parcídio Summavielle, para escrever a primeira monografia sobre o concelho. Em 1983, foi instituído um prémio bienal que tem o seu nome, subsidiado por si e pela Câmara Municipal de Fafe, inicialmente para o género de ficção e monografia e ultimamente para a modalidade de «Estudos Histórico-Sociais, de âmbito local ou regional».
Fez um legado em vida ao município de Fafe, de todo o seu importante espólio, constituído por obras de arte, mobiliário e biblioteca e arquivo.
Foi sócio-correspondente da Real Academia da Corunha; delegado no nosso país da Academia Mondiale degli Artisti e Professionisti, de Roma (Itália); Conselheiro Nacional de Honra da Confederazione Generale Italiana Professionisti e Artistici, de Roma; membro do Centro Internacionale per Scambi Culturali e Artistici, de Roma; Conselheiro de Honra e correspondente do Instituto Fernando el Católico, de Saragoça (Espanha; sócio efectivo da Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto; membro da Liga Efectiva Portugal-Brasil, de Lisboa e do Instituto Português de Arqueologia, História e Etnografia de Lisboa, entre outras instituições.Por ocasião do 40º aniversário da publicação do seu primeiro livro (Missões e Missionários - 1946), realizou-se na Casa da Cultura de Fafe, uma exposição bibliográfica, constituída por obras literárias, recortes de jornais e de revistas, fotografias, telas e desenhos, caricaturas, etc., que marcam a sua presença no campo cultural nacional e local. Pela mesma altura, Lopes de Oliveira foi distinguido com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio, em cerimónia que decorreu nos Paços do Concelho, no âmbito do 25 de Abril de 1986.


 
Obras publicadas: Missões e Missionários (1946); Como Trabalham os Nossos Escritores (1950); Sentido Filosófico da Vida e Obra de Domingos Tarroso. Será ele o Precursor do Existencialismo? (1960); A Arte Oriental, e de Bizâncio sua Influência na Península Ibérica (1960); Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis, de colaboração com o Prof. Dr. Mário Gonçalves Viana (1967); Miranda do Douro – O Menino Jesus da Cartolinha (1967, já em 7ª ed.); Ilhas de Bruma – Roteiro Açoriano, com prefácio do Prof. Dr. Vitorino Nemésio (1967); Vieira do Minho – A Montanha e a Água (1968); Castro Laboreiro – O Drama da Terra (1968); Arquipélago da Madeira – Epopeia Humana (1969); Jornais e Jornalistas Madeirenses (1969); Soajo – Uma Aldeia diferente «Cabeça de Montaria» (1970); Primeiro Jornal Bracarense – «O Cidadão Philantropo», (1970); Terras de Bouro e o Seu Concelho (1970); Maximiano Alves (1972); Caxineiros – Gentes de Vila do Conde (1973); Stela de Albuquerque (1975); Imprensa Bracarense (1976); Terras de Coura (1976); Valença do Minho (1978); Terras de Bouro (1980); Dicionário de Mulheres Célebres (1982); Fafe e o Seu Concelho (1982); Jornalismo em Fafe (1982); O Minho na Vida e Obra de Sá de Miranda (1982); Escritoras – Brasileiras, Galegas e Portuguesas (1983); Bombeiros Voluntários de Fafe (1984); «O Desforço» – Razão de uma Causa (1986); Imprensa Fafense (1989); Os CTT – Nas Artes, Ciências e Letras (1994); Angola-Moçambique – Entre a Guerra e a Paz (1994); Imprensa Vianense (1996); Nos Bastidores do Jornalismo (1997); Nas Colmeias da Arte (1997); Ares da Cabreira (1997); Das Artes-Dos Artistas (1998), O Passado no Presente (1999), No Mundo Artístico (2001) e Respigos do Passado (2001).
Respigos do Passado foi o seu último livro publicado, aos 90 anos de vida,
em 2001: agradeço eternamente a sua amizade
e a estima que sempre me devotou e era recíproca.


quarta-feira, 30 de março de 2011

As águas e as rosas


recoberto de espaço e de rigor
penetro as águas, os rios, os mitos

a noite interpela de chuva
os vidros e os telhados

ternos, os muros choram
lá foram por dentro de mim

as lágrimas de espuma
rumorosas
o vento inclina

nu interior
apaixonadamente me dispo
das águas e das rosas 

terça-feira, 29 de março de 2011

Orlando Pompeu expõe grande parte da sua obra no Algarve








O maior artista plástico contemporâneo de Fafe, Orlando Pompeu, continua de vento em popa, trabalhando, expondo, mostrando a sua arte prodigiosa, valorizando o concelho que o viu nascer.
O nosso conterrâneo continua com a sua mega-exposição "Con-textos Conceptuais", até 10 de Abril próximo, no Espaço Mais, em Aljezur.
Orlando Pompeu
nasceu a 24 de Maio de 1956, em Cepães, concelho de Fafe, Portugal. Estudou desenho, pintura e escultura em Barcelona, Porto e Paris. Nos anos 90 progrediu no seu percurso artístico ao ir trabalhar para os Estados Unidos da América, primeiramente, e depois, Japão. A sua obra consta em varias colecções particulares e oficiais em Portugal, Espanha, França, Inglaterra, Brasil, Estados Unidos da América, Japão e Dubai.
O artista é detentor de uma carreira de trinta anos bem como um currículo nacional e internacional ímpar...
Juntam-se algumas imagens da exposição.
Um artista que honra Fafe e envaidece os seus amigos e conterrâneos.

domingo, 27 de março de 2011

Blogosfera: entre a liberdade e a lixeira

A blogosfera é, hoje em dia, uma realidade incontornável para quem procura a informação mas, sobretudo, o comentário e a opinião sobre os acontecimentos, sejam numa dada localidade, no país ou no mundo.
Praticamente desconhecidos ou escassamente utilizados ainda há poucos anos, os blogues explodem diariamente como cogumelos pelo espaço virtual. São do mais diverso género e pretendem atingir os públicos mais globais, bastando que para tal disponham dos requisitos mínimos, como seja um computador com ligação à internet. Substituindo um pouco o secular diário pessoal das nossas infâncias, em cujas páginas o leitor ia apondo os seus textos, os seus poemas, os seus desenhos, as suas análises ao que se passava à sua volta, os blogues constituem, na actualidade, a forma como os cidadãos vão reagindo ao momento, em cima das ocorrências. Alvitrando, julgando, avaliando, aplaudindo ou censurando. Os blogues acabam por se transformar na voz dos que não têm voz no dia a dia dos jornais ou, genericamente, da comunicação social, cada vez mais reduzida ao papel de porta-voz dos grandes interesses políticos, económicos, culturais ou desportivos deste país. E sobretudo, sedeados na capital.
Assim, a blogosfera assume um imprescritível espaço de promoção da cidadania e da própria democracia, enquanto mensageira da representação do pensamento de cada português, que, de outro modo, jamais conseguiria obter a amplificação que aquele meio proporciona.
E quem diz democracia, diz liberdade. É inquestionável que a blogosfera representa a legitimação da liberdade de cada cidadão colocar na net tudo o que lhe vai na alma. E é exactamente no exercício desse sagrado benefício que, paradoxalmente, reside o perigo do sistema, que é enorme.
Ninguém questiona o direito de qualquer cidadão a exprimir, sem peias, num comentário, as suas opiniões, as suas críticas, os seus desejos, os seus fantasmas, desde que assuma, lealmente, a autoria do que escreve e publica. Já se contesta esse direito desde que praticado a coberto do anonimato, ou de falsas identidades, como é comum no mundo virtual.
As pessoas sem escrúpulos transferem para a blogosfera as suas taras, as suas perversões, a sua podre maledicência, a sua desonestidade intelectual, no fundo, a sua cobardia. Que outra designação não pode ter quem, anonimamente, em textos ou comentários, denigre e achincalha respeitáveis pessoas, permite-se julgar quem não conhece, humilha e ofende quem não está de acordo com as suas ideias, vilipendia e insulta quem lhe dá na real gana, porque, no fundo, escreva o que escrever, ninguém é penalizado pela estrumeira que lança na Internet.
Ao contrário do que acontece nos media, que têm directores e coordenadores que filtram devidamente o espaço opinativo, na blogosfera reinam, deleteriamente, o caos e a anarquia, releva a linguagem de estrebaria, impõe-se a voz do ataque, da injúria, da difamação, dos sentimentos mais primários, na perspectiva de que ninguém descobrirá a respectiva autoria. E ninguém paga pelos delitos que, com a mesma linguagem, seriam penalizados na imprensa. A blogosfera está sem rei nem roque, sem princípios, sem valores, sem disciplina, sem a existência de uma autoridade que vele por comportamentos adequados a uma vida em sociedade, pautada por paradigmas de respeito, de ética, de rectidão, de probidade.
Dão vómitos certos conteúdos que vemos estampados, impunemente, na internet, agredindo gratuitamente pessoas e instituições, com a consciência saloia de quem sabe que nada acontecerá aos seus perversos autores.
A blogosfera tem um oceânico défice de seriedade, de honradez, no fundo da responsabilidade que a liberdade deveria conferir. E não a libertinagem que por lá campeia…
Faz falta uma entidade reguladora para a blogosfera, mas que exerça, de facto, essa importante missão disciplinadora, e não a farsa que são os reguladores da comunicação social, ou da electricidade, ou dos combustíveis, ou do que quer que seja, e de que ninguém lobriga a utilidade para os cidadãos.
É claro que se todos assumissem a sua responsabilidade, a sua dignidade pública, a autoria do que deixam expresso, nem tal era necessário. Mas a nossa cultura colectiva ainda aí não chegou!...

Sean Riley & The Slowriders encantaram Fafe

O Teatro-Cinema de Fafe encheu para aplaudir os Sean Riley & The Slowriders, que protagonizaram um excelente espectáculo, durante mais de 70 minutos. Imensa juventude deu colorido à nossa mítica sala, que vibrou com os sons da voz rouca do cantor que (re)lembra Bob Dylan, Niel Young e outros músicos consagrados que esta geração mais nova já não conhece.
Um grande momento a que Fafe assistiu.
Nota: Mais uma vez a bilheteira funcionou calmamente até à última hora. E ninguém mandou aquelas ridículas bocas que têm metido nojo na blogosfera!...

Fotos: Manuel Meira Correia

sábado, 26 de março de 2011

PADRE JOAQUIM FLORES ANTUNES: QUATRO ANOS DE SAUDADE

Passando hoje por um placar onde se publicam os assuntos necrológicos, dei-me conta de um aviso sobre o quarto aniversário do falecimento do nosso amigo e enorme fafense adoptivo, Padre Joaquim Flores Antunes. Já passaram quatro anos, e ainda parece que foi ontem que o grande obreiro da escola de Revelhe foi a sepultar, entre manifestações de grande pesar e perda incontornável.
Gostaria assim de aqui lembrar a saudade deste homem bom, activista do progresso do concelho e sobretudo de Revelhe, amigo de tantos amigos, líder natural da comunidade que o perdeu.
Relembro que o P.e Joaquim Flores nasceu em 24 de Maio de 1944 na freguesia de Rossas, do vizinho concelho de Vieira do Minho. Em 15/09/68 foi nomeado pároco da freguesia de Revelhe, onde começou a sua importante acção pastoral.
Revelhe era então uma freguesia rural, tendo como subsistência unicamente a agricultura. Sem água canalizada, sem luz eléctrica, a primeira preocupação deste jovem pároco foi criar condições humanas de viver para as populações. Começou por criar uma comissão na freguesia, da qual era presidente e que iria angariar dinheiro para a instalação da luz eléctrica, o que veio a efectuar-se em 24/05/70.
Com a instalação da luz eléctrica, começa o Padre Flores a pensar no ensino. Em Outubro de 1970 fundou o ensino particular no salão paroquial. No ano lectivo de 1972/73 transformou o ensino particular em Telescola e três anos depois, em 1975/76, transformou a Telescola em Escola Preparatória, que passou a Escola C+S em 1986/87. Em 2000, passou a ser sede de Agrupamento constituído por todas as escolas das 18 freguesias situadas entre as estradas Fafe-Póvoa de Lanhoso e Fafe-Cabeceiras de Basto. Joaquim Flores esteve na Direcção ao longo de todas estas transformações, todas elas tendo o seu “dedo”.
Em 1969, assumiu a condução da pastoral das paróquias de Felgueiras, Pedraído e Medelo. Em 1979, completou os seus estudos em Língua Francesa na Alliance Française. No ano seguinte, matriculou-se no Conservatório de Música na Escola Musical Calouste Gulbenkian, tendo terminado o Curso em Educação Musical, composição e canto em 1983, para logo frequentar o Curso Superior.
Em 1994, fundou o Centro Social e Paroquial de Medelo, que veio a concluir em 1995, ano em que deixou a paróquia de Medelo e fundou o Centro Social e Paroquial de Revelhe, mais conhecido por Lar da Criança, destinado a receber crianças em risco ou em abandono que foi inaugurado em 23-06-96, nas bodas de prata da Escola C+S de Revelhe.
Por toda a sua acção e dinamismo em prol das populações e do desenvolvimento da região, a Câmara Municipal de Fafe condecorou-o em 5 de Outubro de 1996 com a Medalha de Prata de Mérito Concelhio.
De referir, finalmente, que em 1999 foi-lhe confiada a paróquia de Queimadela.
Em 30 de Janeiro de 2006, preenchidos os requisitos e formalidades legais, o Governo Português, através do Secretário de Estado da Educação, Valter Lemos, determinou que a Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de Revelhe e o Agrupamento Vertical de Escolas de Revelhe passassem a denominar-se, respectivamente, por Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Padre Joaquim Flores e Agrupamento Vertical de Escolas Padre Joaquim Flores. É a melhor homenagem que pode ter sido prestada ao homem que mais contribuiu para a instalação do ensino básico e secundário na zona norte do concelho.
Em 29 de Abril seguinte, o Padre Joaquim Flores foi objecto de uma grandiosa homenagem, a que se associaram as forças vivas do município, bem como Laurentino Dias, Secretário de Estado da Juventude e Desporto e presidente da Assembleia Municipal de Fafe e o Arcebispo Primaz de Braga, D. Jorge Ortiga. Na ocasião, foi descerrada a placa com o novo nome da escola, bem como o busto do homenageado. O momento alto, seria a sessão solene de homenagem, durante a qual foram passados em revista os grandes momentos da vida de Joaquim Flores, enriquecidos por testemunhos de amigos e colegas e foi lançada a obra Padre Joaquim Flores: Uma Vida ao Serviço do próximo, que tive a honra de organizar e que contém uma longa entrevista com o Padre Flores, alguns poemas e textos em prosa do homenageado, assim como testemunhos de familiares e amigos.

Capa da obra que tive o prazer de organizar em honra
do Padre Joaquim Flores, em 2006, já lá vão cinco anos...
A somar ao sacerdote, ao educador e ao homem solidário, há a destacar o escutista, tendo chegado a ser o responsável maior e depois assistente da Junta de Núcleo de Fafe. Em 2003, pela sua brilhante e continuada actividade, foi galardoado com a Medalha de Cruz de S. Jorge Grau 1ª Classe Ouro.
Além de apicultor, o Padre Joaquim Flores foi também poeta e cronista na imprensa regional, em especial no semanário Povo de Fafe.
Inesperadamente, o Padre Joaquim Flores foi vítima de doença incurável e faleceu em 26 de Março de 2007.

Bibliografia: Artur Ferreira Coimbra, Padre Joaquim Flores: Uma Vida ao Serviço do próximo (Edição Labirinto, 2006).

sexta-feira, 25 de março de 2011

OBRAS APRESENTADAS NAS II JORNADAS LITERÁRIAS DE FAFE

Já tudo foi dito (ou nada foi dito) sobre as II Jornadas Literárias de Fafe, que se realizaram no concelho entre os dias 14 e  21 de Março, promovidas pela Câmara Municipal e pelas escolas e agrupamentos do concelho.Aqui deixamos as capas das publicações apresentadas durante o evento.
Aí fica a relação e breves palavras sobre duas revistas e duas obras literárias publicadas no espaço de 5 dias na cidade, o que é admirável. Os livros são, forçoso é referi-lo, obras da editora local Labirinto, que se afirma uma vez mais como um espaço de diversidade e compromisso na edição.
Convida - número 4 - Revista da Escola Secundária, dirigida por Carlos Afonso.
Vive sobretudo das notícias da vida escolar daquele estabelecimento de ensino.

Dextinos - luxuosa revista sobre os 10 anos da Escola Profissional de Fafe
(2000-2010): as estórias, os casos de sucesso, o historial de uma década
Antigo & Futuro: um excelente repertório das vivências de outrora no espaço
pedagógico do Agrupamento de Escolas
de Arões, coordenado magistralmente pela professora Orlanda Silva.
As vivências agrícolas, as vindimas, as janeiras e os reis,
a cura das doenças e maleitas, as crenças e mezinhas, os jogos tradicionais,
as cantigas, a casa, vidas, testemunhos.
Uma obra-prima da cultura imaterial
daquela zona do concelho, que engloba ass freguesias de Arões SC e SR,
Cepães e Fareja e que merece os nossos maiores felicitações.
A Ilusão do Breve: um excelente e maior livro de poemas do poeta fafense Almeida Mattos,
residente no Porto e que regressa à publicação vinte anos
após a sua obra anterior, Conjuntivo Presente (1991).
A obra foi apresentada pela Professora Isabel Pires de Lima,
grande amiga do autor e também de Fafe, onde voltou mais uma vez.

quinta-feira, 24 de março de 2011

“FANTOCHES QUE CONTAM HISTÓRIAS" NO TEATRO-CINEMA DE FAFE, ESTE DOMINGO, DIA MUNDIAL DO TEATRO

Na tarde deste domingo, 27 de Março, Dia Mundial do Teatro, o Teatro-Cinema de Fafe vai ser palco de um espectáculo de fantoches pelo Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso. O espectáculo começa às 16h00, sendo a entrada de apenas 2 euros.
A magia de um espectáculo diferente, que conta outras histórias, as inventadas e ocultas, que a história oficial jamais ousou revelar.
Uma linguagem nova que aproxima o espectador da sua identidade e história. Um espectáculo de encantamento para todos os públicos.
Com “FANTOCHES QUE CONTAM HISTÓRIAS COM A HISTÓRIA”, o Centro de Criatividade da Póvoa de Lanhoso retoma a tradição ancestral dos fantoches para contar histórias do imaginário fabuloso. Trata-se de mais um trabalho artístico, pedagógico e de pesquisa que associa arte e educação, projecto inédito dentro do concelho. O encantamento que as marionetas transmitem tem-se revelado nos olhos dos pequenos e graúdos como uma fórmula mágica para fazer uma viagem ao sonho.

SINOPSE

Apareceu um dia, num tempo quando o tempo ainda tinha tempo de no tempo contar histórias sobre outros tempos, um homem velho, um contador de contos, que conhecia muitas e muitas lendas sobre o Castelo de Lanhoso.
Todos os contadores de contos, entusiasmados pela narrativa do fabuloso, acabam sempre por envolver-se de tal forma com a sua própria invenção, que ela, inevitavelmente, é vivenciada como se verdade fosse e, se não é, assim o parece. É isto que acontece com NINGUÉM; personagem que aparece todas as noites, ali pertinho do Castelo de Lanhoso, e conta fabulosas histórias como aquela que ele próprio viveu quando Dona Teresa, Rainha de Portugal, foi cercada em Lanhoso pelas tropas da sua irmã Urraca. Nessa história conhecida e guardada pela própria história da História, aparecem outras histórias, que a História, a dos livros, não conta... Mas, essas histórias existiram e as personagens que ficaram esquecidas por não serem nem nobres nem ricas, também existiram. Foram elas que ajudaram a Rainha a livrar-se de um cerco que, se não fossem essas outras personagens, as que ficaram esquecidas, a História podia ser outra história.
Alguém já ouviu, por acaso, falar da Bruxa Zulmira no cerco de Lanhoso? E de Eusébio ou Gregório, lavradores espertos que furaram o cerco e mudaram o curso da história? Alguém, alguma vez, lembrou-se de Torta? Sim, a cozinheira de Dona Teresa? E de Berta? Uma velha do povo muito esperta, que descobriu um feitiço que queriam fazer à Rainha Teresa? Pois, claro que não! Ninguém nunca ouviu falar em tão importantes pessoas, só porque elas eram gentes do povo. Mas como foram elas, personagens muito, muito mesmo, importantes para que a história fosse o que hoje se conta como história, resolvemos revelar suas histórias e aquilo que elas conseguiram fazer para salvar o seu povo.
Tudo isso o devemos a NINGUÉM. Sim senhores! Sem a memória desse fabuloso contador de contos e histórias, nunca íamos saber como foi a verdadeira história do cerco de Lanhoso. E é isso que agora, neste espectáculo, FANTOCHES QUE CONTAM HISTÓRIAS COM A HISTÓRIA, vamos finalmente revelar, para que o mundo possa render homenagem aos seus verdadeiros heróis.

FICHA TÉCNICA
Texto e Encenação: Moncho Rodriguez
Criação da Cenografia/Figurinos: Moncho Rodriguez
Música: Narciso Fernandes
Elenco
Armando Luís
Sofia Lemos
Vânia Silva
Roberto Moreira

quarta-feira, 23 de março de 2011

Sean Riley & The Slowriders actuam este sábado no Teatro-Cinema de Fafe

Este sábado, 26 de Março, a partir das 21h30, a banda Sean Riley & The Slowriders actua no palco do Teatro-Cinema de Fafe, para um espectáculo com a duração de 75 minutos.
I’m gonna go outside and let them good times roll. Got them drinks, got them records, let’s rock and roll…”, cantava Sean Riley no início do disco estreia, Farewell, e isso resumia na perfeição as expectativas de um grupo de amigos que se juntou para fazer canções e divertir-se ao máximo. Mas a simplicidade e hedonismo que estavam na base de Farewell foram traídas por um conjunto de 11 belíssimas canções que projectaram Sean Riley & The Slowriders como autores de uma das melhores estreias discográficas da história da música produzida em Portugal. A relevância dada a Farewell e consequente exposição mediática da banda elevaram a fasquia para o segundo disco, Only Time Will Tell.

Os Sean Riley & The Slowriders são constituídos por Sean Riley, na voz, guitarra, harmónica e órgão; Nuno Lopes, no baixo, guitarra, melódica, stylophone e theremin; Filipe Costa, no órgão, piano, guitarra, baixo, bateria e harmónica e Filipe Rocha, na bateria, contrabaixo e glockenspiel.
Os bilhetes podem ser adquiridos ao preço de 5 euros, no Posto de Turismo de Fafe, como habitualmente.
Um grande espectáculo em perspectiva, há muito aguardado pelos fãs desta cidade!...

terça-feira, 22 de março de 2011

Culminou a festa da cultura fafense

A festa da cultura fafense, concretizada nas II Jornadas Literárias de Fafe, culminou na noite desta segunda-feira, 21 de Março, dia mundial da poesia, da árvore e início da primavera. Durante mais de três horas, em mais um grandioso espectáculo gizado pelo impagável Carlos Afonso, desfilou, em diferentes registos, a poesia dita e proclamada, a música, a magia.
Sob a alçada soberana de D. Dinis e da poesia trovadoresca, a noite foi de homenagem à poesia e aos poetas, sob a égide do verso de Florbela Espanca, “Ser Poeta é Ser mais Alto”.
Na festa participaram jovens poetas das diversas escolas e agrupamentos do concelho, disseram poesia outros poetas como Artur Coimbra, Peixoto Lopes, Acácio Almeida, Augusto Lemos e Pompeu Martins, actuou numa excelente dança medieval o grupo “Leões do Ferro”, dançaram jovens da Escola de Bailado e a Academia de Música José Atalaya interpretou magistralmente a “Mensagem”, a partir da obra homónima de Fernando Pessoa.
Foram ainda distribuídos prémios literários a mais de uma dezena de alunos, fizeram o balanço das jornadas Artur Coimbra, por parte da autarquia, e Carlos Afonso, pela Escola Secundária, ele que foi homenageado, muito justamente, pelos seus colegas.

 A autarquia, simbolicamente, homenageou as cerca de três dezenas de docentes da comissão organizadora com uma rosa branca e um exemplar da obra colectiva O Prisma das muitas coresPoesia de Amor Portuguesa e Brasileira.
Falaram ainda circunstancialmente a directora da Secundária, Natália Correia e o presidente da Câmara, José Ribeiro.
No final, cantou-se o hino das Jornadas, excelentemente criado e interpretado pela Academia de Música, com letra de Carlos Afonso, a qual se deixa a seguir.


Hino das Jornadas Literárias

Coro: Palavra a palavra se constrói um querer
Gravado nas cores certas da verdade.
Palavra a palavra se desenha um viver
Guiado pela força rubra da Liberdade.

Nos campos verdes do Minho
E antes de o sol acordar,
A lua adormece na esperança,
Na certeza do acreditar.

Nas asas esbeltas das aves,
Que ao céu entregam seu voar,
Sentindo sinais dos homens,
Presos à grandeza do sonhar.

Nas ruas, fachadas e praças,
Que definem nossa cidade,
Mostrando gentes e destinos,
Dignos da imortalidade.

Dos versos que crescem poemas,
E no enredo das vontades,
Criam-se lendas e histórias,
Envoltas em riso e saudades.

Das águas que descem dos montes,
Colhe-se a pureza das nascentes,
Da alma dos poetas fafenses,
Escuta-se a liberdade.

Umas Jornadas memoráveis acabaram. Para o ano haverá certamente mais. Até lá!

Fotos: Manuel Meira Correia